quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Diversificar: fazer variar, tornar diferente

Se há uma coisa que me incomoda e, às vezes, me tira do sério, são textos repetitivos. Apoio totalmente a ideia da produção textual por livre e espontânea vontade, a fim de aprimorar os conhecimentos e obter a prática da escrita. Entretanto, quando o texto torna-se previsível, ele perde o tesão.

Não, não me leve a mal. Não estou criticando quem discorre sempre sobre o mesmo tema, pois um mesmo tema não implica igualdade de assuntos. Por exemplo: o tema é violência e no texto eu conto a história de uma menina que passa a infância sendo abusada sexualmente pelo pai; ou conto a história de uma família que vive em uma favela e perde dois filhos em um tiroteio entre policiais e traficantes. Viu a diferença? Os dois textos, mesmo havendo um tema em comum, abordam assuntos completamente diferentes.

O que - e não quem - eu realmente critico são os textos repetitivos, abordando sempre o mesmo assunto. Exemplos? Não faltam, mas vou sutilmente falar sobre alguns textos que tenho lido na última semana e que me despertaram a vontade de vir aqui escrever sobre isso.

Toda semana faço um passeio pelos blogs alheios, pois sempre encontro leituras interessantes. Em uma dessas aventuras, deparei-me com um blog um tanto quanto singular. O autor conta histórias do cotidiano de uma só pessoa, uma pessoa fictícia, claro. Pensei: “Oba! Adoro histórias assim!”. E adoro mesmo. Gosto de histórias embasadas na realidade, principalmente de situações corriqueiras as quais não damos muita importância.

Cheia de expectativas, comecei a ler a primeira história. A decepção veio nada sorrateira. A criatura, nos três textos, acabava revelando sempre a mesma trama. “E aí encontrou a garota mais linda que já havia visto e blá, blá, blá. E aí se apaixonou. E aí não foi correspondido. E aí era um amor impossível. E aí largou tudo que tinha para ir atrás do seu verdadeiro amor”.

Não vou nem entrar no mérito da quantidade de vezes que o fulano de tal ama na vida e nem nos erros de pontuação. Eu, como pessoa aficionada pela língua portuguesa, jamais deixaria de reparar nesses detalhes. Enfim. Sugiro ao amigo autor do texto que pare um pouco de assistir a Malhação e novelas em geral. Além de os desfechos - e não só eles - serem totalmente “manjados”, o autor me fez acreditar que o mundo é um conto de fadas, onde tudo que se quer, consegue. E aí a história já foge da realidade e eu me sinto uma espectadora idiota. Sim, espectadora idiota. É assim que me sinto também quando assisto a novelas - sem generalizações. O autor nos empurra goela abaixo, como se fôssemos burros não-conhecedores da vida, situações inaceitáveis, que chegam a ser até sem cabimento.

Admito que mudei, no último parágrafo, o foco do texto, mas acho que se fez necessário. Sei que posso parecer ríspida no meu modo de escrever, mas acredite: não estou “atacando” ninguém, apenas expondo a minha honesta opinião. Também não me acho superior a ninguém, mas não é por isso que deixarei de criticar aquilo que discordo, não é?

O apelo que eu faço é que tragam mais riqueza aos textos. Diversifiquem, façam histórias diferentes! Muitos que lerem isso devem pensar: “Quem essa ridícula pensa que é pra me dizer como escrever?”. Não, não estou querendo mudar a maneira de escrever de ninguém, apenas tentando mostrar o quanto, para mim, e acredito que para a maioria das pessoas, é chato e monótono a repetição, mesmo que sutil, de um mesmo enredo.

O que mais me surpreende é que muitos desses textos que eu li são de estudantes de comunicação. Puxa, gente! Vamos ser mais criativos, o que acham? Vamos prender a atenção do leitor, vamos despertar interesse. Escreva sobre o que você quiser, isso é um problema seu. Mas, por favor, diversifique!

sábado, 28 de agosto de 2010

Um dia cotidiano de um jovem universitário

Já eram 06h45, eu estava atrasado. Levantei correndo, troquei de roupa, lavei meu rosto e saí de casa apressadamente. Mochila nas costas, em uma mão o guarda-chuva e em outra o sanduíche preparado na noite anterior. Eu precisava chegar em menos de cinco minutos na parada de ônibus, senão teria de esperar o próximo, que passava somente às 07h15, o que deixaria meu chefe nada feliz. Foi o que aconteceu.

Enquanto esperava a condução, pensava em uma desculpa convincente para explicar o meu atraso. Um atraso enorme, diga-se de passagem.

“Senhor, estava eu no ponto de ônibus e não é que um desgraçado passou muito rápido por uma poça d’água e toda ela veio na minha direção? Tive que voltar em casa, tomar um novo banho e mudar de roupa.” Não, essa é muito clichê. E se eu disser que minha mãezinha passou mal de última hora e eu precisei acudi-la? Também não. Achei melhor contar-lhe a verdade.

Chegando na redação, meu chefe já estava a minha espera, olhando-me fixamente com aquela cara de “Espero que você tenha uma boa explicação para o seu atraso”, e foi exatamente o que ele disse.

- Sabe o que é, Seu Garcia... Ontem, cheguei muito tarde da aula e precisava fazer um trabalho pra hoje, pois durante o dia eu trabalho pro senhor, aí acabei dormindo tarde demais...

- E aí você acordou em cima da hora. Tudo bem, ao menos me diga que você terminou aquela matéria. Respondeu meu chefe.

- Pois então... Como eu disse, cheguei tarde e precisei fazer esse trabalho, que vale uma nota bem alta, Seu Garcia!

- Então você não terminou a matéria?

- Não, mas eu faço isso pra já, pode deixar!

- Rapaz, você só me causa problemas... Vai, vai, vai logo e vê se não se atrasa mais, hein? Estou de olho em você!

Geralmente, Seu Garcia descontava os atrasos do meu salário. Naquele dia, ele estava de bom humor. Que sorte a minha.

Entre outras coisas que tive que fazer, terminei a matéria em cima da hora e confesso que não estava tão boa assim. Tudo culpa da pressa. Seu Garcia me mataria no dia seguinte, mas essa é uma outra história.

Saí da redação satisfeito por ter cumprido, apesar dos contratempos, mais um dia de trabalho.

A satisfação foi embora logo que saí do prédio. Chovia e ventava muito em Porto Alegre. Fui para a estação de trem e embarquei rumo a São Leopoldo. De lá, peguei mais um ônibus até a Unisinos e cheguei na Universidade por volta de 19h15. Fazia muito frio e, por conta da pressa pela manhã, esqueci de levar um casaco. Menos um ponto para mim.

Quando estava entrando na sala de aula, lembrei: “Meu Deus, o trabalho!!!”

Saí tão atordoado de casa pela manhã, que esqueci o maldito trabalho que fiquei madrugada adentro fazendo. Naquele momento, quis me afogar no laguinho da Unisinos.

O próximo passo era explicar a situação para o professor e pedir uma nova data de entrega. Quase fiquei de joelhos diante de toda a turma, mas consegui convencê-lo. Que fique bem claro: nem sempre isso funciona. A minha sorte (se é que pode se dizer que tive alguma sorte naquele dia) foi que o professor não era “linha-dura”.

A aula, que me desculpe ele, estava uma droga. Semiótica era uma disciplina que agradava a poucos, e eu, definitivamente, não fazia parte dessa parcela.

20h45: intervalo! Seriam os 15 minutos mais proveitosos do meu dia. Iria para a Fratello, comeria decentemente e beberia um delicioso chocolate quente para me esquentar. Iria, beberia, comeria. Futuro do pretérito, conhece? “O futuro do pretérito costuma ser relacionado às noções de hipótese, incerteza e irrealidade.” Pois é. Saindo da sala, minha namorada me ligou: “O que aconteceu? Você me disse ontem que teria um tempo livre pra me ver hoje. Se aconteceu um imprevisto, não tem problema. Mas custa me avisar, Victor? Deixei de fazer várias coisas por sua causa!” Resultado: Gastei meus preciosos 15 minutos tentando explicar a ela o caos que foi meu dia. Quando disse que diante de tantos problemas o nosso encontro nem me passou pela cabeça, ela desligou na minha cara.

É, Victor... Menos um ponto pra você.

A segunda metade da aula foi usada para apresentações de trabalhos, então eu não senti culpa alguma em pegar meu celular, sintonizar na Rádio Gaúcha e escutar o jogo do meu time do coração. Como eu não podia perder a moral com o professor, que me cedeu um novo prazo valioso de entrega, fui o aluno mais concentrado e me abstive do primeiro tempo do jogo.

15 minutos da etapa complementar, o Inter está perdendo por 2x0 e está, com esse resultado, sendo eliminado da Libertadores pelo Estudiantes de La Plata!”

Naquele dia, descobri que, por mais que as coisas estivessem ruins, elas sempre podiam ficar piores. Precisávamos de somente um gol e estaríamos classificados para as semifinais!

Esqueci minha namorada, esqueci tudo que deu errado no meu dia e me concentrei no jogo.

Quando tudo parecia perdido, aos 43 minutos do segundo tempo, Giuliano chegou livre pela direita e descontou o placar do jogo com um chute cruzado. Era o gol da classificação. Naquele momento, sem pensar, saltei da cadeira e comemorei como nunca. O professor me olhou com uma cara tão feia, que com certeza eu sentirei medo até o resto dos meus dias. Rapidamente, tirei o fone dos ouvidos e voltei a prestar atenção na aula, como se nada tivesse acontecido.

O jogo foi realmente a única alegria do meu dia. Ao acabar a aula, lembrei que eu tinha que ir até a Estação Unisinos, depois até a estação de trem de Porto Alegre e pegar mais dois ônibus até minha casa. Cheguei à 1h da manhã e totalmente esgotado. No dia seguinte, teria que me redimir com a minha namorada, levar mais uma bronca do seu Garcia e, de algum jeito, arranjar tempo de ir mais cedo à universidade para entregar aquele trabalho. É, vida de universitário não é fácil. Deitei a cabeça no travesseiro e dormi.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

E o amor? Por onde ele anda?

Difícil definir esse sentimento, já que até hoje ninguém conseguiu encontrar explicações exatas para tal. Mas afinal, o que é amor? Amor é amor, ué! Por que eu explicaria se todos sabem o que significa? Não, não sabem. Aliás, muitas pessoas acham que sabem, outras tentam se enganar, julgando amor todo e qualquer sentimento por outra pessoa. Aí vai um exemplo típico: tenho uma paixonite por um garoto do meu colégio, com o qual eu conversei pouquíssimas vezes e afirmo que o amo. Gente, ensinem, principalmente às pré-adolescentes - por favor, não estou generalizando, ok? Não venham com quatro pedras na mão! -, que isso se chama amor platônico. "O amor platônico revela uma dose de imaturidade emocional, à medida que nunca experimenta os limites e as frustrações de uma relação concreta." Palavras da psicanalista Heidi Tabacof.

Pode-se dizer que, não só isso, o amor é a mescla de inúmeros sentimentos. E se o amor é essa junção de sentimentos, como dizer-se apaixonado por alg... Opa! Taí uma coisa que as pessoas confundem muito! A palavra "apaixonado" vem do substantivo abstrato "paixão", que é diferente do substantivo abstrato "amor". O dicionário define os dois sentimentos como palavras de igual significado. Dicionário é um desastre quando tenta explicar nossas emoções, por isso não confie piamente nele. A paixão é muito externa, não necessariamente movida pela atração, mas rasa. O amor é profundo, extremamente profundo. Conhecer o outro é o primeiro passo para o amor. E quando eu digo conhecer, refiro-me a conhecer uma pessoa a fundo, a sua personalidade, o seu caráter... É daí que o amor se constrói.

Um relacionamento pode, tranquilamente, iniciar-se por intermédio da paixão, mas o que vai fazer ele perdurar, ou perdurar de maneira sadia, é o amor.
Costuma-se dizer que quem ama, sabe. Discordo. Não acho que essa seja uma verdade absoluta.
Alguns realmente sabem, outros não têm certeza. E, me desculpe, mas aos que não têm certeza, é porque não amam. Há ainda aqueles que fingem que amam, seja para não magoarem a outra pessoa, ou para serem mais um dos que banalizaram o sentimento, simplesmente pelo ato de amar ser "bonitinho". Acredite, não falo isso sem fundamento. Pessoas que gostam de praticar essa "moda" existem e eu as acho extremamente imaturas.

Claramente deu pra perceber que não falo do amor de uma forma ampla, falo do amor entre um homem e uma mulher, não de amizade, não do amor que é paternal, maternal ou fraternal. Enfim. Vocês entenderam. Diante de tudo isso, eu lhes pergunto: Por onde anda o amor? Perguto-lhes isso porque o amor se constrói minuciosamente e parece que cada vez mais as pessoas não se permitem essa minuciosidade. Relacionamento não tem mais a importância de antes. As pessoas brincam de amar, brincam de namorar. E a culpa se atribui a quem? Não sei. Quem sou eu pra responsabilizar alguém de algo tão grandioso? Poderia me estender e relacionar essa mudança com o passar das gerações, mas deixo essa ideia no ar para que possam refletir. Deixo um recado, então, a quem, claramente, me refiro ao escrever esse texto, a geração atual: não deixem o amor de lado, não deixem o amor ser qualquer coisa. Amor é um sentimento único. Valorize-o.