terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Será mesmo o fim?

Quantas vezes você já se viu diante da morte? O que você sentiu? O que você lembrou? O que vem depois dela? Nada? Tudo? Será a morte o fim de todas as coisas construídas ao longo de uma vida inteira? Ou ela é apenas o começo? A morte, por si só, já é complexa demais; Falar sobre ela é mais ainda, mas eu me arrisco mesmo assim.

O mistério da morte está presente desde que o mundo é mundo. Inúmeras suposições, nenhuma prova. Cada um acredita naquilo que lhe conforta mais. Uns acham que nossa carne simplesmente apodrece abaixo de sete palmos do chão e tudo termina ali. Outros acreditam em um mundo paralelo, outros em reencarnação. Não importa. A nossa única certeza é de que o dia dessa descoberta chegará. Cedo ou tarde, ele chegará.

Uns morrem muito cedo, uns atravessam séculos, outros mal tiveram tempo de abrir os olhos. Não existe uma explicação pra isso, não sabemos se é justo, se é injusto, se é destino, ou se as coisas simplesmente acontecem. O fato é que podemos ficar 1000 anos pensando sobre isso e jamais chegaremos a uma resposta. E enquanto nos preocupamos em descobrir o que há além da vida, deixamos passar o tempo no qual deveríamos viver onde realmente estamos, no presente.
Eu, inclusive, muitas vezes me perguntei se conseguiria realizar muitas das coisas que desejo antes de "partir dessa pra uma melhor", se conseguiria me casar, exercer minha profissão, ver meus netos crescerem. Hoje, vejo que não vale a pena viver sob essas expectativas. Elas frustram. Por isso, vivo na filosofia de me sentir imortal, de fazer tudo que eu tiver vontade, de me divertir, de aproveitar os pequenos momentos e os grandes também; De curtir a minha família, os meus amigos, as minhas manias, as minhas qualidades, os meus defeitos. Vivo como se a vida fosse eterna, não como se ela acabasse amanhã. Planejo a semana que vem, o mês que vem, o ano que vem e o futuro mais além esquecendo que a natureza pode me tirar de onde estou no meio do caminho.

Por que eu vivo assim? Pra quando eu me ver diante da morte, ter a certeza de ter feito tudo que podia, tudo que devia, de ter amado demais, chorado demais, trabalhado demais, curtido demais e sentir que o dever foi cumprido. Vivo assim, pra quando eu me ver diante da morte, ter a certeza de ter vivido tudo que tinha pra viver, de ter deixado uma história aqui e ter a certeza de, apesar de querer ficar, estar preparada pro que vem depois, seja o "depois" o que for.

Afinal, qual seria a graça da vida se soubéssemos o que vem depois do "fim"? Independente do que eu acredito, do que você acredita, a vida não seria o que é sem o mistério da morte. Não seria tão intensa e tão subjetiva como é. E é por isso que eu acho que as coisas estão onde devem estar, desde sempre.